quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Poema 82

Ele era um menino pequeno e tinha cabelos que gostavam de dar voltas. Ele mudava de lar freqüentemente, e às vezes achava que até mesmo de pais. Mudando com freqüência, mudava de escola também e, assim, desde os cinco anos (que era quando ele conseguia lembrar-se) amava uma menina da sua sala por ano. Amava em cada uma algo estranho, o correr da primeira, o contornar o visto no caderno da segunda, o ajeitar da saia (que dava voltas em seu corpo magro) da terceira - e assim que aos seis aprendeu a ler direitinho, ia ver a avó somente pra abrir suas revistas de horóscopo e ver se seu signo combinava com o de cada uma das meninas. Amou cada uma e levou em si pedaços disso até seus dez anos. Foi quando deitou em cama sem saber como levantar. Nem as revistas de horóscopo da avó puderam salvá-lo, nem a recordação da quarta menina que lhe beijou o rosto após um amigo secreto quando ele lhe deu um estojo de gatinhos. E um belo dia, sua mãe viu ele sair pela janela e o corpo ficar sob os lençóis. Ela inundou a banheira, e só conseguiu sair de lá com a avó do menino (já sem as revistas de signos). Ele se apaixonou pela lua minguante.


(ouço - "Broken Bottle" por Pete Yorn)

2 comentários:

v disse...

Fluxos.

v

mandii. disse...

que lindo,que lindo,pqp UAAAH *-*'