quarta-feira, 1 de outubro de 2008

"Symmetry" - Half the world is watching me - by Mew

Symmetry will bring you still further than any other track on this album. Rare are the songs that can drive me to tears but this is one of them. Specially this one. It is again a duet, sung by JONAS with BECKY JARRETT, a 14 years old college-girl from Georgia, U.S.A. This moving song is her very first recording, and I guess it will not be her last. The crystal melody ( not as simple as it seems, just try to sing it !) backed by bare acoustic guitar and piano builds up slowly, each singer taking up the song with the last word sung by the other ( a brilliant idea !) to such an harrowing effect.. The sweet, unaffected voice of BECKY JARRETT hits straight to the heart and contributes a lot in making this song the album's highlight.A classic, no less. (…)


Symmetry vai levá-lo mais longe do que qualquer outra música neste álbum. Raras são as canções que me fazem chorar, mas esta é uma delas. Especialmente ela. É novamente um dueto, cantado por Jonas [ vocalista da banda] com Becky Jarrett, uma colegial de quatorze anos da Georgia, E.U.A. Esta tocante canção é a primeira gravação dela e eu creio que não será a última. A delicada melodia( não tão simples quanto parece, tente cantá-la!) acompanhada só por violão e piano cresce vagarosamente, cada cantor tomando a canção pelo última palavra cantada pelo outro (uma brilhante idéia!) para criar um efeito tão melancólico...A doce, inafetável voz de Becky Jarrett acerta em cheio o coração e contribui muito em fazer desta canção o ponto alto do disco. Um clássico, não menos. (...)

[tirado de http://www.rockomondo.com/remew.htm
traduzido por mim]

para ouvir a canção (na regravação do album seguinte mas de igual beleza e com a Becky também) http://www.youtube.com/watch?v=soKmGKAVUk4

Para baixar o álbum de onde ela saiu! :
http://rapidshare.com/files/66494330/Half_The_World_Is_Watching_Me.rar

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Happy birthday Dear Jesus.

Lascado é pouco. Estou todo é fodido mesmo. Hoje é meu aniversário. Isso não me sai da cabeça. Acho que nem sempre sou romântico. Ontem enchi a cara na festa de aniversário de uma amiga minha, a Camila e liguei pra Juliana e convidei-a a sair e só sei disso porque liguei meu celular, porque vi mensagens desta agradecendo o convite. Porque ao ver tudo isso inclusive lembrei que a bateria de meu celular acabou durante o telefonema (e só pus para recarregar agora de manhã). Acho que nem sempre sou romântico. Acordei sete horas da manhã e bebi dois copos de coca cola gelada. What a glorious morning. Eu disse que nem sempre sou romântico.
Resolvi ouvir a primeira demo que fiz com a minha banda anterior, a Almanaque. Tenho orgulho dessa pestinha de CD demonstração, por mais tosco que soe, por mais ridículo que meu inglês soasse na gravação e que hoje eu perceba que sotaque britânico não é só falar os “t”s mais retos, mas eu estava fazendo o que queria, o que tinha sentido para mim na época. Estou em tentativa de retomada disso. Acho que não tem explicação eu ter ligado para a Juliana ontem e devo pedir desculpas a ela, pois mora longe, não é só dar na telha para ela sair de casa com um bêbado feito eu, as dez e tantas da noite e ir. Mas acho que é disso que é feita a minha condição. Falando em explicação e condições, adoro o Stephen Hawking e ele agora me aparece com uma tese sobre o modo como o universo infla e como consequentemente até a economia infla junto. Adoro o cara, imagino se ele tinha vontade de ter bandas quando mais novo.
E agora, the dead on arrival. Ontem no aniversário de Camila, este projetinho mal sucedido de Robert Smith nordestino resolveu jogar bola numa quadra molhada devido à chuva e anteontem foi a um show de bandas (prioritariamente) de blues. No show eu levantei o braço para tirar o cabelo da cara, e eis que uma mulher pouco atrás de mim resolve fumar e deixar o cigarro flutuante, como uma pluma aos ventos, em toda sua cinza majestade no ar abafado da casa de show. E em toda sua riqueza de vôo, a peste do cigarro resolveu conhecer a concretude do meu braço direito que descia da “ajeitada” de cabelo. Morto 1.
Na partida de ontem, aos dois minutos do primeiro tempo, escorreguei numa poça na quadra e cai de costas matando minhas costas e arranhando o braço esquerdo. Dois coelhos numa caixa d’água só.Morto 2 e morto 3. Continua o jogo, caio de joelho (o esquerdo, vale atentar) e arranho-o no seu lado direito e corto o dedo segundo do pé do mesmo lado. Morto 4 e morto 5. E lá vai o Zico dentro de minh’alma a correr pela quadra, em toda sua técnica cair de novo em uma cena no mínimo hilária para quem estava de fora de mim, vendo em meu desengonço eu tentar me equilibrar sobre os pés descalços, pranchas de pele grossa e meio lisa pairando sobre a água me levando em direção ao chão de novo. Caio sobre o mesmo joelho esquerdo arranhando-o no outro lado, corte fino no dedão do pé esquerdo e meu dedo mindinho do pé esquerdo está vermelho e dói horrores quando o movo, fora que ele dá uma espécie de estalada no que tento movimentá-lo. Morto 6, morto 7 e morto 8. Saldo final: 8 soldados a menos.
Minha bicicleta também quebrou, o zíper da carteira também e os fones de ouvido também já foram pro espaço. Acho que estou bem de aniversário. Ao menos matei saudade de Mariana ontem, e aliás, olhando bem agora, lembrei de meu trabalho sobre religiões que apresentei há uns dias atrás em que noto a presença marcante de mulheres em torno de Jesus. Só nesse texto tenho umas três ao meu redor nomeadas em um microcosmos. Seria eu Jesus? Hehehe, isso seria legal, mas ainda bem que não. Parabéns Pedro, nesse ritmo você não chega nem aos 38. Parabéns Pedro (e sorrio).
(ouvindo: "Samba in the snowy rain" by Guillemots)

terça-feira, 15 de abril de 2008

Fotosensibilidade nº 1


... e um dia tirei os óculos escuros

E então os pus de volta.

O mundo fica menos feio

[através deles.

Pedro Y.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Poema 62 (ou Diablo)

O Diabo levou de todas as coisas
Levou meus papéis alumínio do forno
Meus livros de Shakespeare, meu leite
O Demônio retirou-se ao amanhecer
E retornou à noite de Seu inferno.
No anoitecer terreno Ele voltou
Levou, desta vez, algumas bonecas da infante ao meu lado
Levou meus casacos pretos e os beges
E uns anos da infância desfocada.
Depois da cena repetir-se por dias,
De Ele levar até meus estojos velhos,
Cordas velhas de barcos
(que nunca velejei),
Amores e desenganos,
Roupas antigas, acalantos, sangue
Mosquitos, rutilância, sofás e escovas
Ele me levou a única coisa que restara:
A (mera) ilusão minha de que O Diabo não era eu!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Poema 82

Ele era um menino pequeno e tinha cabelos que gostavam de dar voltas. Ele mudava de lar freqüentemente, e às vezes achava que até mesmo de pais. Mudando com freqüência, mudava de escola também e, assim, desde os cinco anos (que era quando ele conseguia lembrar-se) amava uma menina da sua sala por ano. Amava em cada uma algo estranho, o correr da primeira, o contornar o visto no caderno da segunda, o ajeitar da saia (que dava voltas em seu corpo magro) da terceira - e assim que aos seis aprendeu a ler direitinho, ia ver a avó somente pra abrir suas revistas de horóscopo e ver se seu signo combinava com o de cada uma das meninas. Amou cada uma e levou em si pedaços disso até seus dez anos. Foi quando deitou em cama sem saber como levantar. Nem as revistas de horóscopo da avó puderam salvá-lo, nem a recordação da quarta menina que lhe beijou o rosto após um amigo secreto quando ele lhe deu um estojo de gatinhos. E um belo dia, sua mãe viu ele sair pela janela e o corpo ficar sob os lençóis. Ela inundou a banheira, e só conseguiu sair de lá com a avó do menino (já sem as revistas de signos). Ele se apaixonou pela lua minguante.


(ouço - "Broken Bottle" por Pete Yorn)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A gente

Nós não costumávamos falar bonito, mas amávamos poesia. Nós éramos fruto dado do asfalto. Nós falávamos “a gente”. A gente não costumava se importar com a tonelada de ar do mundo. A gente engolia pessoas. A gente bebia até as três da madrugada e achava pouco ainda, tirava fotos e escolhia as mais bonitas para guardar na gaveta do peito.
A gente andava até quilômetro pra chegar a alguma festa. A gente queria ver gente. A gente queria esquecer. A gente deitava no terror da manhã cinzenta, a mulher chorava, a gente lia gibi meio que para disfarçar e escutava Pedro The Lion. A gente queria passar de europeizado, culto, diferente. A gente comia mesmo era ovo mexido e tomava café pingado. Assumia: a gente gostava mesmo era de canções tristes mesmo negando por tantas horas. Alguns, da gente, se tocaram que bebiam não por gostar, mas para engolir o mundo.
A gente acordava meio torto ainda e, ao ver que ainda era manhã bem cedinho, xingava para si um grito rascante à décima terceira e à décima quarta constelações do zodíaco que pariram a figura da gente e que despertaram o nosso corpo, calor do inferno. A gente queria era morrer às vezes, só para quebrar a rotina.

Pedro Y.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Poema 73


Tem quatro eus pela calçada tramando contra mim;
Tem quatro eus pela calçada suspirando para mim;
Tem quatro eus pela calçada bebendo cachaça para me distrair;
Tem quatro eus pela calçada assombrando minha plenitude;
Tem quatro eus pela calçada e o quinto eu suspira sozinho;
Tem quatro eus pela calçada carregando o que sobrou da noite;
Tem quatro eus pela calçada bambeando esquina a esquina;
Tem quatro eus pela calçada fazendo um plano para matar o quinto eu;
Tem quatro eus pela calçada querendo me matar.

Pedro Yuri